25.1.13

Eterno!


Corria o ano de 2004, tinha eu 13 anos e, num dia como tantos outros, reuni-me com a família para ver o jogo daquele que é o nosso clube, e nossa paixão comum. Mais para o fim do jogo, um dos jogadores do Benfica é advertido pelo árbitro com um cartão amarelo e, ao recebê-lo, faz um sorriso inocente, quase como se fosse uma criança que tinha acabado de fazer uma qualquer tropelia. Nisto, segundos depois, baixa-se, e eu lembro-me de na altura gozar com os seus calções, que estavam sujos... Mas, outros poucos segundos depois, cai inanimado no chão. No momento não percebi bem o que estava a acontecer, achei que ele estava a fazer "ronha", mas logo todos nos apercebemos de que a situação era grave. Durante aqueles momentos, houve uma mistura de sentimentos, fomos do desespero à esperança e, depois, ao desespero de novo. Mas, no final da noite, veio a pior notícia e, com ela, também o pior sentimento: a dor. Tínhamos perdido um dos nossos, ali, num local que era suposto realizar-lhe todos os sonhos, o local que ele amava. De repente, todas as picardias futebolísticas, todas as rivalidades e insultos entre pessoas de "cores" diferentes, deixaram de fazer sentido. Todos os adeptos, fossem de que clube fossem, uniram-se de uma forma nunca antes vista, dando apoio a todos nós, Benfiquistas, e mostrando que o futebol (ou o desporto em geral) vai muito para além daquilo que as pessoas pensam, vai muito para além dos aspectos negativos que todos preferem ver, dia após dia. O desporto é também união nas adversidades, respeito, e foi bonito ver tudo isso, embora tenha sido preciso uma tragédia, para isso acontecer.

O Miki vai sempre ser um dos nossos, deu a vida por nós em campo, com o Manto Sagrado vestido, e isso é algo que nunca poderemos pagar. Sei que está a olhar por nós no 3º Anel, e também sei que tudo o que conquistarmos no resto da nossa história, vai ser sempre para ele. E nunca será esquecido, nas gerações vindouras, porque faremos sempre questão de contar aos mais novos sobre o rapaz de sorriso inocente que deu a vida pelo Benfica, e eles continuarão a honrar o seu nome e a respeitá-lo.

1 comentário:

  1. Daniel Alves (das Caldas)28 de janeiro de 2013 às 15:03

    Foi chocante, na altura.
    Repara, foi preciso alguém MORRER em campo para haver cessar-fogo nesse desporto que um dia aqui em Portugal se tornou guerra.
    Ia para dizer que esperava que o futebol português não se esquecesse dessa situação. Mas não aprenderam nada. Stickadas no público, partir pernas a adversários... Não se aprendeu rigorosamente nada.
    Muita gente de autoridade, e também alguns intérpretes neste futebol podem dizer que não se esquecem do Miki, e em como foi uma experiência trágica que por momentos uniu toda a gente. Mas com atitudes como as que existem, é como se já se tivessem esquecido.

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