30.1.12

Cosme Damião

Há quase 1 ano atrás, aquando do aniversário do Sport Lisboa e Benfica, vi que a Direcção tinha restaurado o jazigo de Cosme Damião. Na altura pensei que tinha de ir lá qualquer dia, fazer a minha pequena homenagem. Entretanto o tempo foi passando, não consegui lá ir por falta de tempo ou companhia, e apenas realizei essa minha vontade há umas semanas atrás. Tinha combinado ir fazer um passeio por Lisboa, para fotografar a cidade, e achei que seria o momento ideal para finalmente deslocar-me ao Cemitério dos Prazeres, última morada do nosso fundador, e assim fiz. Combinei com uma amiga que também adora o Benfica como eu, e lá fomos as duas. Apanhámos um autocarro no Rossio, e parámos mesmo próximo ao cemitério. O primeiro desafio foi ir comprar as flores. Tinha pensado em comprar papoilas, devido ao nosso Hino, teria outro simbolismo mas, quando fui à florista, descobri que são flores muito sensíveis e que, por isso, não existem à venda nesta altura do ano (e mesmo nas outras, é bastante difícil arranjar), a escolha recaiu então nas geribérias, uma branca e uma vermelha, as cores que representam o nosso clube. Depois de compradas as flores, o segundo desafio foi mesmo encontrar o jazigo de Cosme Damião, na imensidão daquele cemitério. Pensava eu que seria fácil, mas a tarefa tornou-se um pouco mais complicada pois o cemitério é enorme e constituído só por jazigos, e só conseguimos lá chegar com a ajuda de um mapa, que gentilmente nos deram na administração do cemitério. Depois de andarmos um bocado, chegámos ao local, e assim que me vi frente ao jazigo, não consegui conter a emoção e vieram-me as lágrimas aos olhos. Pensar que estava ali, mesmo à minha frente, a pessoa responsável pela criação do Benfica, a pessoa responsável pela existência de algo que hoje é tão importante para mim, e que faz parte da minha vida de uma forma tão intensa e me traz tanta coisa boa, foi de facto marcante. Sei que pouca gente entende o sentimento, e muitos que possam ler isto hão-de dizer "Que ridículo ficar assim por alguém que não conhece", mas quem é Benfiquista sente como eu, e sabe que uma das nossas maiores características é mesmo essa... É agradecermos a pessoas que não conhecemos, mas que nos deram a melhor coisa da nossa vida. É sofrermos por pessoas que não conhecemos ou até, falando dos jogos, abraçar a pessoa do lado, que não conhecemos de lado nenhum, quando o Benfica marca um golo, porque nos sentimos sempre como uma grande família, independentemente de outras diferenças que nos possam dividir. Sempre odiei cemitérios mas, naquele dia, fiquei lá mais de uma hora, a absorver tudo aquilo, a agradecer mil vezes e a pensar nos mil e um bons momentos que passei na minha vida, por causa do meu clube, como as deslocações em Portugal e no Estrangeiro, as amizades criadas, e que aconteceram graças aquele senhor. E a agradecer também a ele aqueles momentos maus da minha vida em que o Benfica me salvou e me tirou da escuridão. Mas um agradecimento nunca será suficiente, para aquilo que este clube fez por mim (e aqui também muitos irão pensar que é exagero, mas não, o Benfica salvou-me mesmo). No fim, deixei as flores no local que achei mais adequado e, em vez de rezar baixinho, como sempre se faz quando se visita a campa ou jazigo de alguém num cemitério, substituí a reza pelo nosso Hino, e cantei-o para mim, como homenagem a um grande senhor. Nunca pensei que fosse possível mas, naquele dia, saí de lá ainda mais Benfiquista do que entrei, e a amar o meu clube ainda mais. E PLURIBUS UNUM, 1904!

"Aquele que um dia ousou sonhar o Maior Clube do Mundo"

As flores, e o símbolo.

Achei curioso que o número do dia de fundação do Sport Lisboa e Benfica, fosse o mesmo número do jazigo do seu fundador.

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